quinta-feira, setembro 17, 2009

Terra de tradição


Eu nasci no Rio Grande do Sul, sou gaúcha, riograndense. Cresci assistindo aos desfiles de 7 de setembro (Independência do Brasil) e na sequência os festejos da Semana Farroupilha (20 de setembro). Parece muita festa para um mês só. Mas existe um contraste em tudo isso.

A Indepência do Brasil é uma data que deveria envolver a todos de forma mágia, patriotismo, exaltação a um feito histórico. Não é o que percebemos no RS. Basta começar o mês de setembro para que os gaúcho se pilchem e passem a cultivar as tradições, como que numa preparação para o grande dia. No 20 de setembro é o auge da festa. Na capital onde vivo, o desfile reúne gaúchos de todos os pagos e um grande acampamento é organizado.

A tradição está no ar. No tradicional chimarrão, no churrasco. E pessoas de todos os cantos e recantos do mundo se aproximam tentando entender o que atrai tanto os nativos desta terra. Amor, paixão, fascinio. Tudo emana num coro só.

Mas findo setembro, esse amor hiberna até o próximo ano. Toda a garra, o respeito, a vontade de lutar por esta terra some, dá lugar a crítica, ao desleixo. Eis a questão que nenhum gaúcho conseguiu resolver: como tornar atual o sentimento que tanto exaltamos da revolução Farroupilha? A guerra deixou como herança o amor por esta terra. Sentimento que deveria perdurar todos os dias, deixando prevalecer o trabalho, o caráter, o respeito entre seus habitantes.

Como tão bem canta Dante Ramon Ledesma na canção América Latina...

Talvez um dia o gemido das masmorras

E o suor dos operários e mineiros

Vão se unir à voz dos fracos e oprimidos

E as cicatrizes de tantos guerrilheiros

Talvez um dia o silêncio dos covardes

Nos desperte da inconsciência deste sono

E o grito do sepé na voz do povo

Vai nos lembrar, que esta terra ainda tem dono

E as sesmarias, de campos e riquezas

Que se concentram nas mão de pouca gente

Serão lavradas pelo arado da justiça

De norte a sul, no Latino Continente