Construção

tem coisas que se fazem em mim
quando me esqueço
quando me acho
coisas que inspiram
que invadem
coisas que suspiram
coisas que calam
vozes que sopram
vento que fala
passos que flutuam
braços que laçam
então, me desfaço

Fui atingida, talvez não sicatrize

Foi ontem. Paramos no sinal e chamei o moço para comprar o jornal. Perguntei o preço e ele respondeu: R$ 3,5. Dei R$ 4,0, ele pediu o troco para comprar um "guaranazinho". Deixei ele ficar. Imperdoável foi o meu comentário depois que ele já havia partido para outra venda. "Sei que vai parar na cerveja, mas pode levar né?!".

Dói constatar que a descrença no próximo seja perene, dói não acreditar que alguém possa ser sincero, dói só enchergar corrupção, falta de comprometimento, estagnação...dói, mas eu fui flechada por tudo isso e todos estão sendo. Estou ferida.

As trocas de favores vão das moedas na sinaleira, ao parlamento; das boas notas no colégio trocadas por presentes, aos trabalhos comprados na faculdade.

Por que tudo isso? Seria mais fácil cada um cumprir com os seus deveres, mas quem sabe disso? Todos querem reivindicar os seus direitos, se possível sem dar nada em troca.

Eu quero mesmo é vibrar em outra freqüência, espalhar por aí a corrente do bem e que cada um faça o que tem que ser feito. Seria mais fácil...


Outras Frequências

Seria mais fácil fazer como todo mundo faz
o caminho mais curto, produto que rende mais
seria mais fácil fazer como todo mundo faz
um tiro certeiro, modelo que vende mais

Mas nós dançamos no silêncio
choramos no carnaval
não vemos graça nas gracinhas da tv
morremos de rir no horário eleitoral

Seria mais fácil fazer como todo mundo faz
sem sair do sofá, deixar a ferrari pra trás
seria mais fácil, como todo mundo faz
o milésimo gol sentado na mesa de um bar

Mas nós vibramos em outra freqüência
sabemos que não é bem assim
se fosse fácil achar o caminho das pedras
tantas pedras no caminho não seria ruim
(Engenheiros do Hawaii)

Ano novo

Dia de nascer,
De renovar sonhos e festejar realizações.
Rever a lista e checar as conquistas,
Olha quantos passos certos!
Quanto caminho percorrido?
Experiências?
Nossa! Todas, por cantos e recantos do planeta.
Amores, amizades, paixões.
Bandeiras em cada espaço, agora meu.
Seguir em frente,
Não porque tem que seguir.
Mas, pelo fascínio de conquistar mais uma vez

Estive distante

Há dias não passo por aqui. Mas, meus passos continuam a ser dados, sempre em frente.
Turbulências ainda acontecem e sempre irão acontecer. Na minha vida, na de todo mundo e no mundo todo. Família, trabalho, namoro, emprego (que não é trabalho), profissão, sonhos, estudos, dinheiro, lugar, estar...tudo faz a roda girar.

Ando filosofando sobre as escolhas da vida. Seguir em frente ou dobrar na próxima esquina? Para direita ou para a esquerda? E de repente me pego pensando demais e vivendo de menos. Aceitei o desafio de fazer menos reflexões. Sobre as paixões? Elas me invadem todos os dias.
Sentimento incontrolável este de querer estar junto, de querer realizar...queria mesmo abraçar o mundo e voar. Agora, amo os braços que me enlaçam.

O sentimento desbravador, ansioso por desafios maiores está com os pés no chão e a certeza de que tudo pode mudar e de que nada será como antes. Porque cada dia nasce com uma descoberta impressionante. Qual a maior de 2007? O amor!

O ser vai se formando...um passo depois do outro.

Uma sensação diferentemente boa

Hoje acordei com uma saudade estranha, algo que nunca havia sentido.
Um sentimento de quem está longe do lar, longe do seu lugar.
Mas, eu estava em casa, no meu cantinho, sob os meus edredons...

A Dois Passos do Paraíso
Escute na Radio UOL

Longe de casa
Há mais de uma semana
Milhas e milhas distante
Do meu amor

Será que ela está me esperando
Eu fico aqui sonhando
Voando alto perto do céu

Eu saio de noite andando sozinho
Eu vou entrando em qualquer barra
Eu faço meu caminho
O rádio toca uma canção
Que me faz lembrar você, eu
Eu fico louco de emoção
E já não sei o que vou fazer

Estou a dois passos do paraíso
Não sei se vou voltar
Estou a dois passos do paraíso
Talvez eu fique, eu fique por lá
Estou a dois passos do paraíso
Não sei porque que eu fui dizer bye bye
Bye bye, baby, bye bye

-A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da séria série
"Dedique uma canção a quem você ama"
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Uma carta d'uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
"Mariposa Apaixonada de Guadalupe"
Ela nos conta que no dia que seria
O dia do dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido da pequena e
Pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Oh! Arlindo Orlando volte
Onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos e pára-choque duro
Agora uma canção canta pra mim
Eu não quero ver você triste assim

Estou a dois passos do paraíso
E meu amor vou te buscar
Estou a dois passos do paraíso
E nunca mais vou te deixar
Estou a dois passos do paraíso
Não sei porque eu fui dizer bye bye

© BLITZ (Evandro Mesquita / Ricardo Barreto)

olhares

Sim, o olhar tem poderes sensacionais. Insisto no tema, porque amo olhares, todos os tipos. Um olhar é um poema bem escrito, sentimento declarado, impossível de esconder ou recolher. O olhar conquista, encanta, apaixona, envolve. Por vezes nos entrega, na hora do adeus, da reprovação, da raiva.

Adoro os que aproximam. O olhar sincero daquele que só espera uma retribuição igual, sem cobrança, sem medo. O olhar verdadeiro, ou olhos de ressaca, como os de Capitu (sim, de Machado de Assis)...altamente envolventes.

Há os misteriosos, os que pedem mais, os indiferentes, inocentes, compreensivos, chatos. Viva, a linguagem do olhar, que deixa transparecer o verdadeio eu daqueles que se perimetem olhar.

Olhares encontram olhares, se comunicam e se entendem, criam outros olhares.

Fato, exato

Processo sem acaso
Estado inato
Próprio, apropriado
Oculto
Amado fato
Misterioso
Comportamento único

Desafio

Um desafio pode ser proposto, como num jogo infantil, numa brincadeira. Assim, aprendemos quando pequenos a ver algo aparentemente inalcançável como possível. E sem perceber aprendemos a superá-los e nos acostumamos a encontrá-los no dia-a-dia.

Algumas pessoas são fascinadas por desafios, talvez viciadas, não podem viver sem eles. Mas, que tipo de desafio desagrada mais do que qualquer outro? Arrisco dizer que seja o da morte.

Nas últimas semanas recebi notícias de diferentes pessoas, mais ou menos próximas da minha família que faleceram. Em circunstancias e idades diferentes todas foram sentidas com tamanha intensidade que fica difícil entender como suas ausências serão superadas.

Como seguir em frente? Como a vida pode ser tão vulnerável? Nisso se propõe que sejamos mais humanos, mais amáveis, mais amigos. Devemos viver hoje como se fosse o último dia, amanhã pode ser tarde. Mas, isso é tão pessimista...

Fora desse contexto nascem crianças. Seres que unem famílias e mostram novos caminhos. Propõem o desafio da vida. Ir além do horizonte, com mais garra, mais trabalho, mais amor, mais força de viver!

Eis os ciclos paralelos da vida e da morte. Os desafios que se cruzam um transformando-se no outro, um renovando o outro.

Mundo novo

Tenho saudades de um mundo novo. Ainda desconheço seu jeito, sua cor, seu nome e sinto tanta falta dele.
Impetulante persiste em se manter distante.
Impiedosa, insisto em querer ele para mim.
Imagino doce, levemente salgado, em tons ofuscantes e pastéis nas paredes.
Acredito no respeito, no companheirismo, na dúvida e na fé.
Vejo cobrança, desilusão, verdade e percepção.
Sonho com seu olhar e seu sorriso de humor negro.
Acordo com seu cheiro de sol e leite com café.
Quero pão com queijo quentinho na cama e flores desabrochando na varanda.
Ainda ouço seu andar plumante no algodão dos meus sonhos.
Atendo o telefone e me perguntas se realmente quero esse mundo novo.
Que mundo é novo?

Caminhar, construir, seguir

Um dia me disseram que ao aprender a andar eu poderia ir para onde quizesse. Para o mar, para a floresta, para a Antartida, para o céu. Cada passo seria uma escolha, um ladrilho na construção do meu caminho.

Arquitetei muitos destinos até hoje, construi caminhos concretos e imaginários, fui "eu pescador de mim". Inquieta, sempre à procura de conhecimento, de informação estou indo mais além. Atrás de descobertas, de mares bravios, desses que dão medo, que intimidam. Mas, para quem sonha é preciso uma boa dose de coragem, é preciso realizar tudo.

Para quem vive é preciso humildade, saber a hora de começar de novo, zerar a contagem, a construção. Não existe retrocesso. A moral da história está em aprender a fazer uma estrutura firme, uma base sólida, essa sim leva para qualquer lugar, leve o tempo que levar.

E o destino? Bem, ele é o hoje, o amanhã, o ontem é cada ladrilho certo ou errado, perfeito ou imperfeito.

Um dia me disseram que era preciso seguir em frente. Então, eu sigo.

Quem?

E mais uma vez

Todo silêncio se fez.

Como se tudo pudesse,

sem saber que não sei.

Apenas fiz,

como se isso fosse o

FIM

Sem pensar na

DERROTA

Subi ao podium,

fui coroada, com lágrimas e sorrisos,

(de quem nem conhecia).

Fui quem pensei que seria

Eu

Lembranças

Numa lágrima, a tristeza
no rosto, você
Na mente, a tua lembrança

Da nossa meninice, tudo
Das brincadeiras, sobrou o choro
Da tua lembrança, a alegria

Daquela farra, o sol
Da verdade, a conseqüência
Do esconde-esconde, o medo
Da bicicleta, o amigo


E hoje de tudo isso, lembranças
do sonho, do teu e do meu.
Mas, agora, sobrou a prece.
Que tu estejas bem entre
os anjos de Deus!

Curvas

O destino tem curvas...

irrevogáveis,

indescritíveis.

São esbarrões na esquina,

Olhares que se cruzam,

Corpos que se enlaçam.

Duram pouco.

Mas, marcam para toda vida.

Envolvem, surpreendem,

impressionam.

São curvas...